Não chores por mais, Armenia cara!

O pranto enxuga, que te fiz verter

Ah! tudo esquece, e me não lembres nunca

As crueis dores que eu te fiz sofrer!

Sim, eu tó peço, não recordes mais

Esses martyrios, de que eu fui culpado!

Sofreste muito! Mas que importa? agora

De amor mil provas te não tenho dado?!

Não chores mais uma hora, que esse pranto

Nada nos vale a nós, que hoje abrasados

Nem um santo e puro afeto, só vivemos

Pelas mesmas ilusões sempre embalados!

Não mas chores, Armenia, minha amante!

Esquece esse passado crú e amargo,

Tão infenso á nós ambos! hoje risos

Só devem suceder ao pranto largo:

A nuvem da desgraça dissipou-se!

De risos e de esperança só vivamos!

Conservando no peito sempre a crença

Em Deus, e no futuro que esperamos!

“A Poesia foi publicada no Desterro, 20 de Maio de 1868”

“Acervo da Biblioteca Pública de Santa Catarima”

Foto: Reprodução fotográfica autoria desconhecida